Água na Lua e muito, muito mais
Enviado: quarta out 27, 2010 4:34 pm
Quase um ano após terem anunciado a descoberta de moléculas de água na Lua, na semana passada cientistas revelaram novos dados registados pela sonda LCROSS (Lunar CRater Observation and Sensing Satellite) e pela LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA.
As missões descobriram provas que o solo lunar dentro de crateras à sombra é rico em materiais úteis, e que o satélite é quimicamente activo e tem um ciclo da água. Os cientistas também confirmaram que a água estava, na maioria, sob a forma de cristais de gelo em alguns locais. Os resultados estão explicados em seis artigos publicados na edição de 22 de Outubro da revista Science.
"A NASA confirmou a presença de água gelada e caracterizou a sua distribuição desigual nas regiões permanentemente à sombra na Lua," afirma Michael Wargo, cientista lunar na sede da NASA em Washington, EUA. "Este grande empreendimento é apenas um dos muitos passos que a NASA tomou para melhor compreender o nosso Sistema Solar, os seus recursos e sua origem, evolução e futuro."
Os impactos gémeos da LCROSS e do seu foguetão na cratera lunar Cabeus a 9 de Outubro de 2009 levantaram uma pluma de material que não via luz solar directa há milhares de milhões de anos. À medida que a pluma viajava quase 17 km para cima do limite de Cabeus, os instrumentos a bordo da LCROSS e da LRO fizeram medições da cratera, dos detritos e das nuvens de vapor. Após os impactos, grãos de água gelada quase pura foram colocados à luz solar no vácuo do espaço.
"A observação destes grãos de água gelada quase pura na pluma significa que a água gelada foi, de alguma maneira, entregue à Lua no passado, ou que processos químicos têm feito com que o gelo se acumulasse em grandes quantidades," afirma Anthony Colaprete, cientista do projecto LCROSS e investigador principal do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia. "Também, a diversidade e abundância de certos materiais apelidados de voláteis na pluma, sugerem uma variedade de fontes, tais como cometas e asteróides, e um ciclo da água activo dentro das sombras lunares."
Estes compostos voláteis estão presos e congelados nas frias crateras lunares e vaporizam-se quando aquecidos pelo Sol. Os instrumentos da LCROSS e da LRO determinaram que quase 20% do material expelido pelo impacto da LCROSS era volátil, incluindo metano, amónia, hidrogénio gasoso, dióxido de carbono e monóxido de carbono. Os instrumentos também descobriram quantidades relativamente grandes de metais leves como o sódio, mercúrio e possivelmente até prata.
Os cientistas acreditam que a água e a mistura de compostos voláteis que a LCROSS e a LRO detectaram podem ser restos de um impacto cometário. De acordo com os cientistas, estes subprodutos químicos voláteis são também provas de um ciclo no qual a água gelada reage com os grãos de solo lunar.
O instrumento Diviner da LRO recolheu dados acerca da concentração de água e mediu temperaturas, e o detector LEND (Lunar Exploration Neutron Detector) da sonda mapeou a distribuição do hidrogénio. Estes dados combinados levaram a equipa científica a concluir que a água não está uniformemente distribuída dentro das armadilhas frias e sombreadas, mas ao invés em bolsas, que podem também situar-se fora das regiões à sombra.
A proporção de voláteis em comparação com a água no solo lunar indica que um processo denominado "química de grão frio" está a acontecer. Os cientistas também teorizam que este processo poderá durar centenas de milhares de anos e que poderá ocorrer noutros corpos frios, como asteróides; as luas de Júpiter e Saturno, incluindo Europa e Encelado; as luas de Marte; grãos de poeira interestelar que flutuam entre as estrelas e nas regiões polares de Mercúrio.
"As observações pelos instrumentos da LRO e da LCROSS demonstram que a Lua tem um ambiente complexo que passa por vários processos químicos intrigantes," afirma Richard Vondrak, cientista do projecto LRO no Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland. "Este conhecimento pode abrir portas a novas áreas de pesquisa e exploração."
Ao melhor compreender os processos e ambientes que determinam os locais onde água gelada pode existir, como lá chegou e o seu ciclo activo, podemos melhor planear as missões futuras e determinar quais os locais que têm água mais acessível. A existência de água gelada quase pura pode significar que os exploradores humanos do futuro não precisam de retirar a água do solo de modo a usá-la como recurso imprescindível para a vida. Em adição, a presença abundante de hidrogénio gasoso, amónia e metano pode ser explorada para produzir combustível.
Uma imagem dos detritos, expelidos pela cratera Cabeus e para a luz solar, cerca de 20 segundos após o impacto da LCROSS. A imagem do canto é uma ampliação com a direcção do Sol e da Terra.
Crédito: Science/AAAS
Source: Astronomia Online
As missões descobriram provas que o solo lunar dentro de crateras à sombra é rico em materiais úteis, e que o satélite é quimicamente activo e tem um ciclo da água. Os cientistas também confirmaram que a água estava, na maioria, sob a forma de cristais de gelo em alguns locais. Os resultados estão explicados em seis artigos publicados na edição de 22 de Outubro da revista Science.
"A NASA confirmou a presença de água gelada e caracterizou a sua distribuição desigual nas regiões permanentemente à sombra na Lua," afirma Michael Wargo, cientista lunar na sede da NASA em Washington, EUA. "Este grande empreendimento é apenas um dos muitos passos que a NASA tomou para melhor compreender o nosso Sistema Solar, os seus recursos e sua origem, evolução e futuro."
Os impactos gémeos da LCROSS e do seu foguetão na cratera lunar Cabeus a 9 de Outubro de 2009 levantaram uma pluma de material que não via luz solar directa há milhares de milhões de anos. À medida que a pluma viajava quase 17 km para cima do limite de Cabeus, os instrumentos a bordo da LCROSS e da LRO fizeram medições da cratera, dos detritos e das nuvens de vapor. Após os impactos, grãos de água gelada quase pura foram colocados à luz solar no vácuo do espaço.
"A observação destes grãos de água gelada quase pura na pluma significa que a água gelada foi, de alguma maneira, entregue à Lua no passado, ou que processos químicos têm feito com que o gelo se acumulasse em grandes quantidades," afirma Anthony Colaprete, cientista do projecto LCROSS e investigador principal do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia. "Também, a diversidade e abundância de certos materiais apelidados de voláteis na pluma, sugerem uma variedade de fontes, tais como cometas e asteróides, e um ciclo da água activo dentro das sombras lunares."
Estes compostos voláteis estão presos e congelados nas frias crateras lunares e vaporizam-se quando aquecidos pelo Sol. Os instrumentos da LCROSS e da LRO determinaram que quase 20% do material expelido pelo impacto da LCROSS era volátil, incluindo metano, amónia, hidrogénio gasoso, dióxido de carbono e monóxido de carbono. Os instrumentos também descobriram quantidades relativamente grandes de metais leves como o sódio, mercúrio e possivelmente até prata.
Os cientistas acreditam que a água e a mistura de compostos voláteis que a LCROSS e a LRO detectaram podem ser restos de um impacto cometário. De acordo com os cientistas, estes subprodutos químicos voláteis são também provas de um ciclo no qual a água gelada reage com os grãos de solo lunar.
O instrumento Diviner da LRO recolheu dados acerca da concentração de água e mediu temperaturas, e o detector LEND (Lunar Exploration Neutron Detector) da sonda mapeou a distribuição do hidrogénio. Estes dados combinados levaram a equipa científica a concluir que a água não está uniformemente distribuída dentro das armadilhas frias e sombreadas, mas ao invés em bolsas, que podem também situar-se fora das regiões à sombra.
A proporção de voláteis em comparação com a água no solo lunar indica que um processo denominado "química de grão frio" está a acontecer. Os cientistas também teorizam que este processo poderá durar centenas de milhares de anos e que poderá ocorrer noutros corpos frios, como asteróides; as luas de Júpiter e Saturno, incluindo Europa e Encelado; as luas de Marte; grãos de poeira interestelar que flutuam entre as estrelas e nas regiões polares de Mercúrio.
"As observações pelos instrumentos da LRO e da LCROSS demonstram que a Lua tem um ambiente complexo que passa por vários processos químicos intrigantes," afirma Richard Vondrak, cientista do projecto LRO no Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland. "Este conhecimento pode abrir portas a novas áreas de pesquisa e exploração."
Ao melhor compreender os processos e ambientes que determinam os locais onde água gelada pode existir, como lá chegou e o seu ciclo activo, podemos melhor planear as missões futuras e determinar quais os locais que têm água mais acessível. A existência de água gelada quase pura pode significar que os exploradores humanos do futuro não precisam de retirar a água do solo de modo a usá-la como recurso imprescindível para a vida. Em adição, a presença abundante de hidrogénio gasoso, amónia e metano pode ser explorada para produzir combustível.
Uma imagem dos detritos, expelidos pela cratera Cabeus e para a luz solar, cerca de 20 segundos após o impacto da LCROSS. A imagem do canto é uma ampliação com a direcção do Sol e da Terra.
Crédito: Science/AAAS
Source: Astronomia Online