Celulose como alvo na procura de provas de vida noutros planetas
Enviado: sábado abr 05, 2008 12:47 am
Em busca de provas de vida em Marte ou noutros planetas? De acordo com uma nova pesquisa da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, a descoberta de microfibras de celulose seria a melhor coisa a seguir a um encontro imediato. Capa da edição de Abril da revista Astrobiology, a nova pesquisa também coloca as mais antigas evidências directas de material biológico aqui na Terra 200 milhões de anos mais para o passado.
A celulose é uma substância dura e resiliente mais conhecida como o principal componente estrutural da matéria vegetal. É um dos materiais biológicos mais abundantes da Terra, com as plantas, algas e bactérias gerando umas estimadas 100 gigatoneladas cada ano. As formas prehistóricas de celulose foram feitas pelas cianobactérias, as algas azul-verde e bactérias que ainda se encontram em quase todos os habitats conhecidos em terra e nos oceanos, que se sabe que existam na Terra ha já 2.8 mil milhões de anos.
Jack D. Griffith, professor de Microbiologia e Imunologia na Escola Médica da UNC, descobriu microfibras de celulose em amostras retiradas de antigos e pristinos depósitos de sal a grande profundidade no deserto do Novo México.
"A idade das microfibras de celulose que descrevemos no estudo tem uma idade estimada em 253 milhões de anos. Sendo assim, são as macromoléculas nativas mais antigas até à data a serem isoladas directamente, visualizadas e examinadas bioquimicamente," disse Griffith.
Até agora, as provas mais antigas de material biológico a partir de fragmentos de proteínas antigas - encontradas em fósseis do dinossauro Tyrannosaurus Rex - estavam datadas em 68 milhões de anos.
De acordo com Griffith, as formas de vida mais primitivas provavelmente desenvolveram meios de polimerizar a glucose - o câmbio energético de todas as formas de vida conhecidas com base no carbono - em celulose como uma molécula estrutural. "A celulose é como a casa de uma bactéria, a biopelícula que a rodeia. As plantas adoptaram a celulose como a sua entidade estrutural, e os insectos mudaram a celulose ligeiramente para fazer quitina, o material que forma os seus exoesqueletos," disse.
O estudo de Griffith levou-o à Estação Piloto de Isolamento de Desperdícios (WIPP) do Departamento Americano de Energia, o primeiro repositório subterrâneo mundial licensiado para, em segurança e permanentemente, acolher os restos radioactivos deixados para trás pela pesquisa e produção de armas nucleares, localizado perto de Carlsbad, Novo México.
Este material radioactivo é colocado a mais de 600 metros de profundidade, em salas escavadas em depósitos salinos que foram aí colocados há mais de 200 milhões de anos atrás. O local foi escolhido para albergar os restos porque o sal é ligeiramente plástico e adapta-se a quaisquer brechas que se possam desenvolver.
As amostras de sal que Griffith recolheu do WIPP foram estudadas no seu laboratório do Centro Cancerígeno Lineberger. Ao examinar o conteúdo de "inclusões" de fluídos, ou bolhas microscópicas, no sal e em cristais de sal-gema, ele e a sua equipa descobriram abundantes microfibras de celulose que estavam "excepcionalmente intactas".
A sua examinação revelou claramente que a celulose estava sob a forma de microfibras tão pequenas quanto cinco nanómetros em diâmetro. "A celulose que isolámos a partir dos antigos depósitos de sal é bem como a celulose de hoje em dia: parece celulose, comporta-se como celulose, quebra-se pelas mesmas enzimas que cortam a celulose moderna e está praticamente intacta," disse Griffith.
No que respeita a provas antigas de ADN, Griffith diz que foram observadas, mas em quantidades muito menores que a celulose.
"Por isso, ao procurar evidências de vida em Marte, bactérias ou possivelmente plantas que existiram em Marte ou noutros planetas do Sistema Solar, então procurar celulose em depósitos de sal é provavelmente uma muito boa maneira de começar. A celulose parece ser altamente estável e mais resistente à radiação ionizante que o ADN. E se é relativamente resistente às duras condições como aquelas que se encontram no espaço, pode ser a 'pista' ideal para a busca de vida noutros planetas."
http://uncnews.unc.edu/images/stories/news/science/2008/mars%20fibres%20pix.jpg
Um punhado de microfibras de celulose com cerca de 253 milhões de anos, observadas num microscópio. O material foi recolhido a partir de depósitos de sal a 600 metros de profundidade, no Novo México, EUA.
Crédito: Jack Griffith, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Perfurar as bolhas capturadas em antigas amostras de sal, revelou microfibras de celulose feitas por micróbios que podem ficar perfeitamente intactas pelo menos durante 250 milhões de anos. Os cientistas pensam que procurar celulose em depósitos de sal em Marte pode ser a melhor maneira de confirmar a existência de vida passada em Marte.
Crédito: Jack Griffith, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Bolhas cúbicas de ar capturadas em sal. Fibras de celulose feitas por micróbios com mais de 250 milhões de anos foram descobertas em inclusões deste género.
Crédito: Jack Griffith, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Algumas das regiões mais antigas da superfície de Marte parecem conter minerais de cloreto (azul), que pode ser cloreto de sódio, ou sal. De acordo com os cientistas, a dispersão e tamanho dos depósitos sugerem que foram formados por evaporação de água, aumentando a hipótese da existência de vida passada em Marte.
Crédito: Science
Fonte astronomia Online
A celulose é uma substância dura e resiliente mais conhecida como o principal componente estrutural da matéria vegetal. É um dos materiais biológicos mais abundantes da Terra, com as plantas, algas e bactérias gerando umas estimadas 100 gigatoneladas cada ano. As formas prehistóricas de celulose foram feitas pelas cianobactérias, as algas azul-verde e bactérias que ainda se encontram em quase todos os habitats conhecidos em terra e nos oceanos, que se sabe que existam na Terra ha já 2.8 mil milhões de anos.
Jack D. Griffith, professor de Microbiologia e Imunologia na Escola Médica da UNC, descobriu microfibras de celulose em amostras retiradas de antigos e pristinos depósitos de sal a grande profundidade no deserto do Novo México.
"A idade das microfibras de celulose que descrevemos no estudo tem uma idade estimada em 253 milhões de anos. Sendo assim, são as macromoléculas nativas mais antigas até à data a serem isoladas directamente, visualizadas e examinadas bioquimicamente," disse Griffith.
Até agora, as provas mais antigas de material biológico a partir de fragmentos de proteínas antigas - encontradas em fósseis do dinossauro Tyrannosaurus Rex - estavam datadas em 68 milhões de anos.
De acordo com Griffith, as formas de vida mais primitivas provavelmente desenvolveram meios de polimerizar a glucose - o câmbio energético de todas as formas de vida conhecidas com base no carbono - em celulose como uma molécula estrutural. "A celulose é como a casa de uma bactéria, a biopelícula que a rodeia. As plantas adoptaram a celulose como a sua entidade estrutural, e os insectos mudaram a celulose ligeiramente para fazer quitina, o material que forma os seus exoesqueletos," disse.
O estudo de Griffith levou-o à Estação Piloto de Isolamento de Desperdícios (WIPP) do Departamento Americano de Energia, o primeiro repositório subterrâneo mundial licensiado para, em segurança e permanentemente, acolher os restos radioactivos deixados para trás pela pesquisa e produção de armas nucleares, localizado perto de Carlsbad, Novo México.
Este material radioactivo é colocado a mais de 600 metros de profundidade, em salas escavadas em depósitos salinos que foram aí colocados há mais de 200 milhões de anos atrás. O local foi escolhido para albergar os restos porque o sal é ligeiramente plástico e adapta-se a quaisquer brechas que se possam desenvolver.
As amostras de sal que Griffith recolheu do WIPP foram estudadas no seu laboratório do Centro Cancerígeno Lineberger. Ao examinar o conteúdo de "inclusões" de fluídos, ou bolhas microscópicas, no sal e em cristais de sal-gema, ele e a sua equipa descobriram abundantes microfibras de celulose que estavam "excepcionalmente intactas".
A sua examinação revelou claramente que a celulose estava sob a forma de microfibras tão pequenas quanto cinco nanómetros em diâmetro. "A celulose que isolámos a partir dos antigos depósitos de sal é bem como a celulose de hoje em dia: parece celulose, comporta-se como celulose, quebra-se pelas mesmas enzimas que cortam a celulose moderna e está praticamente intacta," disse Griffith.
No que respeita a provas antigas de ADN, Griffith diz que foram observadas, mas em quantidades muito menores que a celulose.
"Por isso, ao procurar evidências de vida em Marte, bactérias ou possivelmente plantas que existiram em Marte ou noutros planetas do Sistema Solar, então procurar celulose em depósitos de sal é provavelmente uma muito boa maneira de começar. A celulose parece ser altamente estável e mais resistente à radiação ionizante que o ADN. E se é relativamente resistente às duras condições como aquelas que se encontram no espaço, pode ser a 'pista' ideal para a busca de vida noutros planetas."
http://uncnews.unc.edu/images/stories/news/science/2008/mars%20fibres%20pix.jpg
Um punhado de microfibras de celulose com cerca de 253 milhões de anos, observadas num microscópio. O material foi recolhido a partir de depósitos de sal a 600 metros de profundidade, no Novo México, EUA.
Crédito: Jack Griffith, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Perfurar as bolhas capturadas em antigas amostras de sal, revelou microfibras de celulose feitas por micróbios que podem ficar perfeitamente intactas pelo menos durante 250 milhões de anos. Os cientistas pensam que procurar celulose em depósitos de sal em Marte pode ser a melhor maneira de confirmar a existência de vida passada em Marte.
Crédito: Jack Griffith, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Bolhas cúbicas de ar capturadas em sal. Fibras de celulose feitas por micróbios com mais de 250 milhões de anos foram descobertas em inclusões deste género.
Crédito: Jack Griffith, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Algumas das regiões mais antigas da superfície de Marte parecem conter minerais de cloreto (azul), que pode ser cloreto de sódio, ou sal. De acordo com os cientistas, a dispersão e tamanho dos depósitos sugerem que foram formados por evaporação de água, aumentando a hipótese da existência de vida passada em Marte.
Crédito: Science
Fonte astronomia Online