Detectadas moléculas orgânicas pela primeira vez num planeta extrasolar
Enviado: quarta fev 13, 2008 1:47 am
O planeta gigante HD 189733b é demasiado quente para o seu metano e vapor de água serem um sinal de vida.
Crédito: Christophe Carreau/EA
Pela primeira vez, moléculas orgânicas - na forma de metano - foram detectadas num planeta para lá do nosso Sistema Solar. O planeta gigante fica demasiado próximo da sua estrela-mãe para o metano poder ser um sinal de vida, mas a sua detecção dá esperança que os astrónomos possam um dia ser capazes de analisar as atmosferas de mundos tipo-Terra.
Os astrónomos Mark Swain e Gautam Vasisht do Caltech em Pasadena, EUA, e Giovanna Tinetti da Universidade de Londres, usaram o Telescópio Espacial Hubble para observar o planeta gigante HD 189733b, que é ligeiramente mais massivo que Júpiter e situa-se a uns 63 anos-luz da Terra.
Devido ao planeta atravessar-se em frente da sua estrela, visto da perspectiva da Terra, alguma luz estelar é periodicamente filtrada pela atmosfera do planeta, onde diferentes químicos absorvem particulares comprimentos de onda.
As observações confirmam uma tentativa anterior da detecção de vapor de água e revelam a presença do gás metano.
"Ao início, isto é surpreendente," diz Sara Seager do MIT em Cambridge, EUA, que não esteve envolvida no estudo. Devido a HD 189733b orbitar muito próximo da estrela - a apenas 10% da distância de Mercúrio ao Sol, é muito quente, com temperaturas atmosféricas na ordem dos 700º Celsius. "Quando a temperatura é assim tão alta, a forma de carbono dominante deveria ser o monóxido de carbono, não o metano," diz Seager.
Os autores sugerem que alguns processos químicos ainda mal-compreendidos possam ser os responsáveis, ou ao concentrar o metano em partes mais frias da atmosfera, ou gerando directamente o metano extra. Alternativamente, o metano poderá apenas significar que o planeta é muito rico em carbono, diz Seager.
Esta combinação de água e de moléculas orgânicas seria bastante promissora para a vida se tivesse sido descoberta num lugar menos hostil que a atmosfera de um gigante gasoso cauterizado.
Eventualmente, os astrónomos esperam ser capazes de analisar as atmosferas de planetas mais pequenos e mais parecidos com a Terra, e o novo estudo é um grande passo nessa direcção, diz Seager. "O caminho que queremos percorrer é na direcção dos planetas rochosos," disse. "Estou mesmo ansiosa acerca disto."
Fonte Astronomia On-line