Spitzer descobre que fulerenos são abundantes
Enviado: quarta nov 03, 2010 7:56 pm
Astrónomos descobriram "carradas" de fulerenos no espaço. Usaram o Telescópio Espacial Spitzer da NASA para descobrir estas pequenas esferas de carbono pela nossa Via Láctea -- no espaço entre as estrelas e em torno de três estrelas moribundas. Mais, o Spitzer detectou fulerenos em torno de uma outra quarta, mas numa galáxia vizinha e em quantidades surpreendentes -- o equivalente em massa a cerca de 15 Luas.
Os fulerenos são moléculas com a forma de uma bola de futebol que consistem de 60 átomos de carbono. Ganharam o seu nome devido à sua parecença com as cúpulas geodésicas do arquitecto Buckminster Fuller. As minúsculas esferas foram descobertas pela primeira vez em laboratório há 25 anos atrás, mas só no passado mês de Julho é que o Spitzer foi capaz de confirmar a sua existência no espaço. Nessa altura, os cientistas não sabiam com certeza se tinham tido sorte em encontrar uma raridade, ou se porventura estas bolas cósmicas eram comuns.
"Ao que parece, os fulerenos são muito mais comuns e abundantes no Universo do que se pensava inicialmente," afirma a astrónoma Letizia Stanghellini do NOAO (National Optical Astronomy Observatory) em Tucson, Arizona, EUA. "O Spitzer descobriu recentemente fulerenos num local específico, mas agora vemo-los noutros ambientes. Isto tem implicações para a química da vida. É possível que os fulerenos espaciais tenham semeado a vida na Terra."
Stanghellini é co-autora de um novo estudo detalhado na edição de 28 de Outubro da revista Astrophysical Journal Letters. Anibal García-Hernández do Instituto de Astrofísica das Canárias, Espanha, é o autor principal do estudo. Outro estudo do Spitzer acerca da descoberta de fulerenos no espaço foi também recentemente publicado na mesma revista. Foi liderado por Kris Sellgren da Universidade Estatal do Ohio em Columbus, EUA.
A equipa de García-Hernández descobriu fulerenos em torno de três estrelas moribundas tipo-Sol, denominadas nebulosas planetárias, na nossa própria Galáxia. Estes objectos nebulosos, constituídos por material expelido das estrelas, é parecido ao material onde o Spitzer detectou pela primeira vez a sua existência.
A nova pesquisa mostra que todas as nebulosas planetárias, onde foram detectados fulerenos, são ricas em hidrogénio. Isto vai contra o que os investigadores pensaram durante décadas -- tinham assumido que, tal como acontece ao fabricar fulerenos em laboratório, o hidrogénio não podia estar presente. O hidrogénio, teorizaram, contaminava o carbono, fazendo que formassem cadeias e outras estruturas em vez das esferas, que não contêm hidrogénio. "Sabemos agora que os fulerenos e o hidrogénio podem coexistir nas nebulosas planetárias, o que é realmente importante para explicar como se formam no espaço," afirma García-Hernández.
García-Hernández e seus colegas também localizaram fulerenos numa nebulosa planetária situada na Pequena Nuvem de Magalhães. Isto foi particularmente emocionante para os cientistas porque, em contraste com as nebulosas planetárias da Via Láctea, conhece-se a distância a esta galáxia. Ao saber a distância da fonte de fulerenos, os astrónomos puderam calcular a sua quantidade -- 2% da massa da Terra, ou 15 massas lunares.
O outro novo estudo, de Sellgren e sua equipa, demonstra que os fulerenos estão também presentes no espaço entre as estrelas, mas não muito longe de jovens sistemas estelares. As bolas cósmicas podem ter sido formadas numa nebulosa planetária, ou talvez entre as estrelas.
"É excitante descobrir fulerenos no espaço interestelar, entre sistemas que estão ainda em formação, à distância de um gelado cometa," afirma Sellgren. "Esta pode ser a ligação entre os fulerenos no espaço e os fulerenos nos meteoritos."
As implicações são vastas. Os cientistas especularam no passado que os fulerenos, que podem agir como jaulas para outras moléculas e átomos, podem ter transportado substâncias para a Terra que acabaram por despoletar a vida. Evidências desta teoria vêm do facto dos fulerenos terem sido descobertos em meteoritos que transportavam gases extraterrestres.
"Os fulerenos são como diamantes com buracos no meio," afirma Stanghellini. "São moléculas extremamente estáveis e difíceis de destruir, e podem transportar dentro delas outras moléculas interessantes. Esperamos aprender mais acerca do papel importante que provavelmente desempenham na morte e nascimento das estrelas e planetas, e quem sabe até na própria vida."
As pequenas bolas de carbono são também importantes na pesquisa tecnológica. Podem ser usadas nos materiais supercondutores, em instrumentos ópticos, medicamentos, na purificação da água, blindagem, armadura, entre outros.
As observações do Spitzer decorreram antes de ficar sem líquido congelante em Maio de 2009 e começar a sua missão "quente".
Uma foto infravermelha da Pequena Nuvem de Magalhães obtida pelo Spitzer é aqui ilustrada, com outras duas imagens. A do meio mostra uma imagem ampliada de um exemplo de nebulosa planetária, e a da direita mostra ainda outra ampliação descrevendo os fulerenos, que consistem de 60 átomos de carbono arranjada numa espécie de bola de futebol.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
Fonte: Astronomia Online
Os fulerenos são moléculas com a forma de uma bola de futebol que consistem de 60 átomos de carbono. Ganharam o seu nome devido à sua parecença com as cúpulas geodésicas do arquitecto Buckminster Fuller. As minúsculas esferas foram descobertas pela primeira vez em laboratório há 25 anos atrás, mas só no passado mês de Julho é que o Spitzer foi capaz de confirmar a sua existência no espaço. Nessa altura, os cientistas não sabiam com certeza se tinham tido sorte em encontrar uma raridade, ou se porventura estas bolas cósmicas eram comuns.
"Ao que parece, os fulerenos são muito mais comuns e abundantes no Universo do que se pensava inicialmente," afirma a astrónoma Letizia Stanghellini do NOAO (National Optical Astronomy Observatory) em Tucson, Arizona, EUA. "O Spitzer descobriu recentemente fulerenos num local específico, mas agora vemo-los noutros ambientes. Isto tem implicações para a química da vida. É possível que os fulerenos espaciais tenham semeado a vida na Terra."
Stanghellini é co-autora de um novo estudo detalhado na edição de 28 de Outubro da revista Astrophysical Journal Letters. Anibal García-Hernández do Instituto de Astrofísica das Canárias, Espanha, é o autor principal do estudo. Outro estudo do Spitzer acerca da descoberta de fulerenos no espaço foi também recentemente publicado na mesma revista. Foi liderado por Kris Sellgren da Universidade Estatal do Ohio em Columbus, EUA.
A equipa de García-Hernández descobriu fulerenos em torno de três estrelas moribundas tipo-Sol, denominadas nebulosas planetárias, na nossa própria Galáxia. Estes objectos nebulosos, constituídos por material expelido das estrelas, é parecido ao material onde o Spitzer detectou pela primeira vez a sua existência.
A nova pesquisa mostra que todas as nebulosas planetárias, onde foram detectados fulerenos, são ricas em hidrogénio. Isto vai contra o que os investigadores pensaram durante décadas -- tinham assumido que, tal como acontece ao fabricar fulerenos em laboratório, o hidrogénio não podia estar presente. O hidrogénio, teorizaram, contaminava o carbono, fazendo que formassem cadeias e outras estruturas em vez das esferas, que não contêm hidrogénio. "Sabemos agora que os fulerenos e o hidrogénio podem coexistir nas nebulosas planetárias, o que é realmente importante para explicar como se formam no espaço," afirma García-Hernández.
García-Hernández e seus colegas também localizaram fulerenos numa nebulosa planetária situada na Pequena Nuvem de Magalhães. Isto foi particularmente emocionante para os cientistas porque, em contraste com as nebulosas planetárias da Via Láctea, conhece-se a distância a esta galáxia. Ao saber a distância da fonte de fulerenos, os astrónomos puderam calcular a sua quantidade -- 2% da massa da Terra, ou 15 massas lunares.
O outro novo estudo, de Sellgren e sua equipa, demonstra que os fulerenos estão também presentes no espaço entre as estrelas, mas não muito longe de jovens sistemas estelares. As bolas cósmicas podem ter sido formadas numa nebulosa planetária, ou talvez entre as estrelas.
"É excitante descobrir fulerenos no espaço interestelar, entre sistemas que estão ainda em formação, à distância de um gelado cometa," afirma Sellgren. "Esta pode ser a ligação entre os fulerenos no espaço e os fulerenos nos meteoritos."
As implicações são vastas. Os cientistas especularam no passado que os fulerenos, que podem agir como jaulas para outras moléculas e átomos, podem ter transportado substâncias para a Terra que acabaram por despoletar a vida. Evidências desta teoria vêm do facto dos fulerenos terem sido descobertos em meteoritos que transportavam gases extraterrestres.
"Os fulerenos são como diamantes com buracos no meio," afirma Stanghellini. "São moléculas extremamente estáveis e difíceis de destruir, e podem transportar dentro delas outras moléculas interessantes. Esperamos aprender mais acerca do papel importante que provavelmente desempenham na morte e nascimento das estrelas e planetas, e quem sabe até na própria vida."
As pequenas bolas de carbono são também importantes na pesquisa tecnológica. Podem ser usadas nos materiais supercondutores, em instrumentos ópticos, medicamentos, na purificação da água, blindagem, armadura, entre outros.
As observações do Spitzer decorreram antes de ficar sem líquido congelante em Maio de 2009 e começar a sua missão "quente".
Uma foto infravermelha da Pequena Nuvem de Magalhães obtida pelo Spitzer é aqui ilustrada, com outras duas imagens. A do meio mostra uma imagem ampliada de um exemplo de nebulosa planetária, e a da direita mostra ainda outra ampliação descrevendo os fulerenos, que consistem de 60 átomos de carbono arranjada numa espécie de bola de futebol.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
Fonte: Astronomia Online