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Por VIP3R
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#20381
Agora que uma mancha solar se descobriu com um campo magnético apontando na direcção oposta àquela do ciclo anterior, um novo ciclo solar de 11 anos começou oficialmente. Mas os cientistas estão ainda indecisos sobre quão activo - e potencialmente perigoso para os satélites em órbita da Terra e para as redes eléctricas - será o novo ciclo.

As manchas solares são zonas relativamente frias do Sol onde o campo magnético de dentro da estrela sobe e quebra a sua superfície. Variam em número - desde um mínimo até um máximo e de novo até um mínimo - a cada mais ou menos 11 anos, a mesma escala de tempo nos quais os pólos magnéticos do Sol invertem de direcção.

Mas prever quando estes ciclos solares começam e quando terminam, e quantas manchas solares estes irão produzir, é um negócio arriscado, diz David Hathaway do Centro Aeroespacial Marshall da NASA em Huntsville, Alabama, EUA. Por exemplo, previu que este novo ciclo solar, o ciclo 24, seria bastante activo. Dado que os ciclos activos geralmente começam mais cedo que a média, esperava que a primeira mancha solar aparecesse há um ano atrás - mas foi só observada na Sexta-feira, dia 4 de Janeiro.

"Fico feliz ao ver esta mancha," disse. "Há já mais de um ano, vinha todas as manhãs e observava as imagens da SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) e dizia, 'Não, ainda não.' E hoje, alguém chegou mais cedo do que eu e disse, 'Vai dar uma olhadela - penso que há lá uma mancha."

A mancha - bem como um par de pistas magnéticas prévias que indicavam o começo do ciclo 24 - sugere que o Sol está no ou perto do mínimo solar, uma altura em que as manchas solares do novo ciclo ultrapassam em número as do antigo.

Quando o máximo solar irá ocorrer é ainda tema de debate, com algumas equipas de pesquisa prevendo 2011 e outras 2012. "Quanto maior o ciclo, mais curto o tempo que demora a lá chegar," diz Hathaway. "Alguns de nós acreditam que será um grande ciclo e por isso alcançará o máximo mais cedo."

As diferenças das previsões resumem-se a quão rapidamente os campos magnéticos se misturam dentro do Sol, afirma.

Um modelo por Mausumi Dikpati e colegas, do Observatório de Alta Altitude em Boulder, Colorado, EUA, sugere que os restos das manchas solares no campo magnético viajam num fluxo tipo cintura de convecção de plasma pelo Sol.

O fluxo leva-as desde o local de aparência das manchas até latitudes baixas no pólos, e depois arrasta-as até uma profundidade de 200.000 quilómetros, onde são esticadas e fortalecidas antes de alcançar de novo baixas latitudes. "Uma vez que se fortaleçam novamente, sobem como balões ou bolhas e onde aparecem à superfície, podem dar origem a manchas solares," diz Hathaway.

"O seu modelo explica bem muitas coisas," acrescenta. "Em particular, o porquê do ciclo de manchas solares ser de 11 anos, e não de 7 ou 20. No seu modelo, resume-se à velocidade de movimento da cintura de convecção."

De acordo com o modelo, dado que a cintura demora tanto tempo a mover os campos magnéticos pelo Sol, os campos magnéticos perto dos pólos a qualquer altura não deveriam ser usados como um indicador para seguir a força do ciclo. Ao invés, juntam-se ao ciclo depois disso. Os restos das manchas do ciclo 23, por exemplo, aparecem relativamente fracas nos pólos, sugerindo que o ciclo 25 das manchas solares deverá ser fraco.

O modelo prevê que o novo ciclo, o 24, seja bastante activo, no entanto, gerando cerca de 150 manchas solares por dia perto do máximo solar.

Em modelos alternativos, a cintura de convecção não é tão importante para mover os campos magnéticos pelo Sol. Nesses modelos, os campos espalham-se para baixo rapidamente, "baralhados por movimentos borbulhantes dentro do Sol," diz Hathaway. Esses modelos prevêm que os campos magnéticos nos pólos afectem a força do ciclo de manchas solares que imediatamente se segue. Isso sugere que o novo ciclo seja pouco impressionante, produzindo apenas 75 manchas por dia perto do máximo solar.

"Este ciclo dir-nos-á bastante," diz Hathaway. "Deverá discriminar entre estes modelos e até nos poderá dizer que nenhum está correcto, o que tornará as coisas ainda mais interessantes."

Se o novo ciclo solar se revelar forte, isso significa apuros para os satélites e redes eléctricas, dado que podem ser perturbados por erupções solares, de nome ejecções de massa coronal, que regularmente acompanham as manchas solares.

Mas Hathaway diz que os observatórios solares, tal como satélite japonês Hinode, estão ajudando os cientistas com 'avisos' para tempestades solares potencialmente perigosas, para que os instrumentos dos satélites, sensíveis a este tipo de interferências e libertações de radiação e de partículas carregadas, possam ser desligados com antecedência.

"Dispomos já da tecnologia que nos permite basicamente ver os sinais que assinalam uma ejecção de massa coronal," diz. "É ainda um pouco como prever tornados - um meteorologista pode olhar para um radar Doppler e ventos numa nuvem e dizer que pode produzir um tornado. Mas [se irá de facto produzir um] aqui, nesta altura - ainda não conseguem fazer isso."

Conclui que a constante observação das manchas solares que aparecem a partir de agora até meados de 2009 deverão responder à questão de quando ocorrerá o máximo solar - o número de manchas solares deverá subir rapidamente se for um ciclo activo.


Imagem
Uma mancha solar com um campo magnético apontado na direcção oposta à de outras vistas anteriormente no hemisfério Norte do Sol apareceram na Sexta-feira passada (topo, a 0981), assinalando o começo do ciclo solar 24.
Crédito: SOHO/ESA/NASA


Fonte: Astronomia On-line

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