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Por VIP3R
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A missão Stardust da NASA lembrou-nos - pela segunda vez - que não sabemos tanto sobre cometas como pensávamos.

Pensa-se que os cometas sejam relíquias quase inalteradas da formação do Sistema Solar, e o alvo da Stardust, o cometa 81P/Wild 2, era considerado um alvo perfeito. Hoje em dia, o Wild 2 aventura-se para bem mais perto do Sol (apenas um pouco para lá da órbita de Marte). Mas antes da sua passagem próxima por Júpiter em 1974, a sua órbita era muito mais distante.

Por isso os cosmoquímicos devem ter apostado (e quem sabe até a dinheiro) que a poeira e gás que o Wild 2 libertava quando a Stardust por lá passou em 2004, libertados do seu casulo congelado ao fim de 4 mil milhões e meio de anos, seriam a chave para desvendar a formação do Sistema Solar.

Ao que parece, teriam perdido a aposta. Pouco tempo depois da Stardust ter regressado à Terra em Janeiro de 2006, com a sua preciosa carga, tornou-se claro que alguns destes materiais vieram de uma espécie de "forno" ultra-quente. Os cientistas descobriram uma rede de minerais que se formaram a temperaturas de pelo menos 1100º C. Não são exactamente condições gélidas!

Agora, a Stardust confundiu os cientistas outra vez. Na edição de 25 de Janeiro da revista Science, uma equipa liderada por Hope Ishii, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, anuncia que os grãos cometários capturados são mais parecidos com "um asteróide do Sistema Solar interior do que com um cometa do Sistema Solar exterior com poeira primitiva inalterada."

Por outras palavras, os minerais de silicato que se formaram perto do Sol foram, por qualquer processo, tranportados para o Sistema Solar exterior, onde se misturaram com os gelos para criar o Cometa Wild 2. Não existem enxames de minerais intocados desde que o Sol nasceu, nenhumas infusões de isótopos exóticos de supernovas distantes - se não fosse tão dinamicamente improvável, podia-se até assumir que o Cometa Wild 2 evadiu-se da cintura de asteróides.

Mas será que todos os cometas se formaram desta maneira? Provavelmente não. Jactos que voam a alta-altitude já capturaram grandes quantidades de partículas de poeira interplanetária, à deriva na nossa atmosfera, oriundos do espaço. Estes pequenos tesouros têm o tipo de composições primitivas e misturas isotópicas únicas que os cientistas esperavam encontrar nas amostras da Stardust.

Por isso talvez precisemos de retirar amostras de outro cometa (a Rosetta, uma sonda europeia, irá fazê-lo em 2014). Ou talvez as nossas teorias sobre a formação do Sistema Solar precisem de ajustes. Qualquer que seja a razão, a Stardust colocou imensos cosmoquímicos a coçar as suas cabeças coletivas.


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Fonte: Astronomia On-line
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