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Por VIP3R
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Tal como o sal é usado para preservar, altas concentrações de minerais dissolvidos no passado ambiente molhado de Marte, conhecidas a partir de descobertas do rover Opportunity da NASA, poderão ter impedido o desenvolvimento e sobrevivência dos micróbios.

"Nem toda a água é boa para beber," disse Andrew Knoll, membro da equipa científica do rover, biólogo da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts.

O Opportunity e o seu gémeo, Spirit, começaram no mês passado o seu quinto ano em Marte, ultrapassando e muito as suas missões principais de três meses. Numa reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência em Boston, cientistas discutiram novas observações pelos rovers, análises recentes de algumas das suas descobertas mais antigas, e perspectivas nas quais lições dos sucessos dos rovers se poderão aplicar a futuras missões a Marte.

"Os esforços de engenharia que permitiram a longevidade dos rovers aumentaram tremendamente a recolha científica," disse Steve Squyres da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque, investigador principal dos instrumentos científicos dos rovers. "Todas as descobertas mais importantes do Spirit, como provas de nascentes termais ou fumarolas, vieram depois da missão principal."

O Opportunity passou meses a examinar uma banda de rochas ao longo da parede interior de uma cratera. Os cientistas tinham previamente teorizado que este material poderia preservar um registo da superfície antes do impacto ter escavado a cratera. A inspecção sugere que, ao invés, estava no topo de uma zona com água subterrânea, reportou Squyres.

As experiências com condições marcianas simuladas e modelos computacionais estão ajudando os cientistas a refinar certas avaliações, sobre se as condições passadas da área de Meridiani, estudada pelo Opportunity, teriam sido hospitaleiras para os micróbios. As hipóteses parecem fracas. "Ao início, focámo-nos na acidez, porque o ambiente teria que ser muito ácido," disse Knoll. "Agora, também apreciamos a alta salinidade da água quando deixou para trás os minerais que o Opportunity descobriu. Isto aperta o nó à possibilidade de vida."

As condições podem ter sido mais acolhedoras numa época mais antiga, quando a água era menos salgada, mas as condições mais recentes em Meridiani e noutros locais da superfície de Marte parecem ter sido menos propícias à vida, disse Knoll. "As condições de vida na superfície marciana teriam que ter sido bastante duras nos últimos quatro mil milhões de anos. As melhores chances para uma história de vida em Marte são em ambientes que ainda não estudámos -- os mais antigos e por baixo da superfície," disse.

Os rovers actuais da NASA e as sondas em Marte perseguem o tema "procurar a água" da agência no que respeita à exploração de Marte. Decifram os papéis e o destino da água num planeta cujas principais diferenças entre a Terra é a escassez de água. "As nossas próximas missões, a Phoenix e o Mars Science Laboratory, marcam a transição da água para a habitabilidade -- determinando se os locais onde havia água tinham condições que suportasse vida," disse Charles Elachi, director do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. "Onde estas condições eram habitáveis, as missões futuras poderão procurar sinais de vida."

Elachi indicou as proezas do Spirit e Opportunity. "Trabalharam já 16 vezes mais do que o esperado, percorreram 20 vezes a distância planeada, e, mais importante, descobriram diversos registos geológicos dos efeitos da água nos antigos ambientes marcianos," acrescenta. "Não devemos deixar estes sucessos amainar-nos e pensar que este tipo de exploração é fácil. Há apenas cinquenta anos que começou a Época Espacial, e estamos ainda na época dourada da exploração robótica do nosso Sistema Solar, em que cada missão não tem precedentes de uma ou outra maneira, à medida que puxamos os limites do que é possível. Cada missão nos traz novos desafios."

O "lander" Phoenix, com chegada prevista a Marte no dia 25 de Maio, irá estudar a habitabilidade do ambiente à subsuperfície do solo gelado mais para norte do que qualquer outra missão que aterrou no planeta. Reaviva tecnologia de missões lançadas antes da Spirit e da Opportunity. A missão seguinte, a Mars Science Laboratory, irá incorporar muitas lições aprendidas devido aos rovers actuais, disse o gestor do projecto, Richard Cook do JPL. "O próximo rover será muito maior e transportará os instrumentos necessários para alcançar os seus objectivos, mas seria impensável construir o novo Mars Science Laboratory sem a experiência ganha ao fazer os dois rovers Spirit e Opportunity," disse.

O Mars Science Laboratory terá cerca de quatro vezes o peso do Spirit ou do Opportunity. "Não há maneira de fazermos uma aterragem usando o sistema de airbags," disse Rob Manning, do JPL e engenheiro chefe do futuro rover. Ao invés, um estágio com motores irá fazer descer o rover até à superfície. As lições aprendidas dos rovers actualmente em Marte irão entrar em prática quando começar a deslocar-se. "Com os rovers actuais, aprendemos que podemos confiar na tecnologia de navegação autónoma até um nível nunca esperado, e por isso podemos agora inclui-la como capacidade no desenho da missão do Mars Science Laboratoy," disse Manning.



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Esta imagem capturada pelo rover Opportunity mostra rochas dentro de uma camada com o nome informal de "Lyell", que é a mais profunda de três camadas que o rover examinou numa banda dentro da cratera Victória.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade de Cornell


Fonte Astronomia Online
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