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Por VIP3R
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A sonda da ESA, Venus Express, revelou Vénus como nunca antes tinha sido feito. Pela primeira vez, os cientistas são capazes de investigar desde o topo da sua atmosfera, até quase à sua superfície. Os dados recolhidos mostram que o planeta está cheio de surpresas e que pode um dia ter sido mais como a Terra, e até um certo ponto, ainda é.

Os resultados mais recentes da missão foram apresentados numa conferência de imprensa que teve lugar na sede da ESA em Paris no passado dia 28 de Novembro, e que foram publicados na edição de dia 29 da revista científica Nature.

Permanentemente coberto por nuvens, Vénus há séculos que permanece um mistério. Embora seja o planeta mais próximo da Terra, tem-se provado extremamente difícil de estudar devido à sua cortina de nuvens que obscurece a nossa visão da superfície.

"É realmente surpreendente como Vénus NÃO é como a Terra agora," diz Fred Taylor, cientista interdisciplinário da Venus Express, da Universidade de Oxford no Reino Unido. Vénus tem aproximadamente a mesma massa que a Terra e no entanto é um lugar infernal onde as temperaturas à superfície ultrapassam os 400ºC e a pressão à superfície é cem vezes a da Terra.

A chave para compreender Venus está na sua atmosfera. É muito mais espessa que a da Terra e intercepta a maioria da energia do Sol antes de alcançar a superfície. É aí que entra a Venus Express.

"Os resultados de hoje focam os diferentes temas científicos que a Venus Express abrange," diz Dmitri Titov, coordenador científico da Venus Express, do Instituto Max Planck para a Pesquisa do Sistema Solar, Alemanha. "Um primeiro e importante conjunto de resultados diz respeito à dinâmica complexa e à estrutura da atmosfera de Vénus, estudada com um grande número de instrumentos."

Titov acrescentou, "a sonda revelou a estrutura e movimentos da atmosfera, desde as suas camadas mais altas até quase acima da superfície, e obteve o melhor mapa global das temperaturas atmosféricas até agora. Está já a melhorar o nosso conhecimento da dinâmica global e da meteorologia de Vénus."

"É importante mencionar as espectaculares imagens a 3D do vórtice do pólo sul, os bons detalhes das nuvens, algumas parecidas com as da Terra, das neblinas, as medições precisas do vento, e as melhores visões jamais feitas dos fenómenos que fazem Vénus brilhar no espaço a radiações infravermelhas," afirma Håkan Svedhem, cientista do projecto Venus Express da ESA.

Um segundo conjunto de resultados diz respeito à composição da atmosfera e à sua química. A Venus Express registou perfis composicionais da atmosfera em torno do planeta, e inequivocamente confirmou a presença de relâmpagos que podem ter um forte efeito na composição da própria atmosfera.

O desafio para os cientistas agora é relacionar estas medições da atmosfera de Vénus com os gases conhecidos, porque se comportam de maneira diferente no ambiente altamente pressurizado de Vénus do que na Terra ou em Marte. "Estamos apenas no início deste trabalho," diz Titov, "mas sabemos que à nossa espera estão novas surpresas."

Um terceiro conjunto de resultados menciona os processos pelos quais a atmosfera de Vénus está escapando para o espaço. Isto é devido ao vento solar - uma corrente de partículas electricamente carregadas libertada pelo Sol. À medida que as partículas solares colidem com as partículas carregadas perto de Vénus, estimulam os gases, libertando-os para sempre do planeta.

A Venus Express deu aqui passos de gigante na melhor compreensão de todos estes fenómenos, e descobriu como Vénus perde água devido à sua interacção com o vento solar. As novas medições de água pesada na atmosfera estão também a providenciar novas pistas sobre a história da água no planeta e a sua evolução climática geral.

No entanto, nem todos os mistérios foram ainda resolvidos. Uma resposta fulcral que os cientistas esperam ainda descobrir é quão activos estão os vulcões em Vénus. "A contribuição dos vulcões para a atmosfera pode ser enorme. O não saber deixa um grande buraco no nosso conhecimento do clima," diz Taylor.

Para um planeta que se pensava ser parecido com a Terra, até um que se pensava ser completamente diferente, os papéis foram novamente invertidos. Graças à Venus Express, Taylor descreve agora Vénus como um "gémeo da Terra, mas separado à nascença."


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O hemisfério Sul de Vénus no ultravioleta. O pólo sul é rodeado por uma característica oval escura. Para a direita, para longe do pólo e mais para o equador, vemos nuvens esticadas, uma banda brilhante a média-latitude.

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Conjunto de imagens infravermelhas do vórtice do pólo Sul de Vénus, tiradas durante quatro observações diferentes ao longo de três órbitas em Agosto de 2007, que mostram variações na forma do vórtice e também providenciam pistas sobre a variação de temperatura nas nuvens. Foram obtidas a uma distância de 66.000 km do planeta.
Crédito: ESA/VIRTIS-VenusX/INAF-IASF/Observatório de Paris-LESIA (A. Cardesin Moinelo, IASF-INAF)

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O magnetómetro a bordo da Venus Express detectou sinais que mostram a existência de relâmpagos na atmosfera.
Crédito: ESA (animação por C. Carreau)

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Os magnetómetros podem detectar pequenas quantidades de hidrogénio oriundas de Vénus no vento solar ao sentir pequenas variações no campo magnético provocado pela presença destas partículas no vento solar não perturbado. Ao analisar estas variações, ou ondas de plasma, pode calcular-se quanto do hidrogénio no vento solar vem de Vénus. Dado que todas estas partículas escapam do planeta, também se pode calcular quanto deste hidrogénio é libertado fora deste plasma. Este número é bem maior que o que é perdido no vento solar, conclusão: Vénus está a perder hidrogénio!
Crédito: ESA/ASPERA-4 e equipa do MAG (impressão de artista por C. Carreau)

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Medições do instrumento ASPERA-4 a bordo da Venus Express mostram que Vénus perde dois iões de hidrogénio por cada ião de oxigénio. Por outras palavras, Vénus perde água. A atmosfera perde os seus gases muito lentamente, mas a quantidade relativa de hidrogénio e de oxigénio na atmosfera não muda.
Crédito: ESA/ASPERA-4 e equipa do MAG (impressão de artista por C. Carreau)

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