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Por Wrong Killer
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#3635
No século XX o pequeno computador transportou muitos dos trintões de hoje para corridas alucinantes, universos paralelos, ou até para os relvados de grandiosos derbys de futebol. Este ano faz um quarto de século que foi posto à venda.

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Um quarto de século depois o Spectrum ainda resiste na Internet


Entre 23 de Abril de 2007 e o mesmo dia em 2008 celebra-se o vigésimo quinto aniversário do ZX Spectrum 48KB. A Internet desdobra-se em dezenas de emuladores numa celebração diária ao nascimento de um dos primeiros PC domésticos, e sem sombra de dúvida o mais acarinhado de todos. A data exacta do lançamento do pequeno ZX perde assim alguma relevância, pois na World Wide Web todos os dias são dia 23 de Abril de 1982.
O britânico Sir Clive Sinclair já não era propriamente um novato no mundo da informática quando lançou o ZX Spectrum, mas foi com esta invenção que conseguiu ser mundialmente famoso. Em Portugal, a geração que hoje atravessa a fasquia dos 30 anos deve-lhe muitas manhãs, tardes e noites bem passadas, seja na companhia do viajante no tempo, Kokotoni Wilf, do magnata com insónias Jet Set Willy, ou do célebre desportista inglês Dailey Thompson, em Super Test, um jogo que a par com Decathlon danificou muitas ?membranas teclares?.
Esta é uma avaria que o, hoje, técnico informático, Miguel Proença, se lembra perfeitamente de causar, embora as suas preferências recaíssem em jogos mais pacíficos, como ?Fantastic Voyage?, ?Manic Miner? ou ?Pyjamarama?. O computador e os jogos ?estão guardados na garagem?, garante. Talvez um dia volte a escrever load ? ? e carregue na tecla enter, o pequeno código que tinha de ser escrito antes de pôr um jogo a correr.
Dez minutos de espera
Estava-se no longínquo ano de 1982 quando a Sinclair Research colocou em simultâneo no mercado o ZX Spectrum 48KB e o seu irmão menos potente com apenas 16KB. Este último teve pouca expressão em Portugal. Contudo, o grande marco histórico residia no preço relativamente acessível da máquina: entre 150 e 200 euros (preços da altura), tornando assim o Spectrum num dos primeiros computadores pessoais vocacionados tanto para jogar, como para a programação, o que acabou por massificar as vendas.
Se na sua Inglaterra natal o pequeno ZX ainda teve de lutar contra a concorrência feroz de outros PC, em Portugal o mercado doméstico ainda estava por explorar, contando-se algumas consolas da Atari e pouco mais. Nada que o computador negro que se apresentava com um arco-íris do lado direito não conseguisse vencer. E venceu.
O ritual era igual para milhares de pessoas: retirar o computador da caixa de esferovite, o transformador, que era a fonte de alimentação, uma série de fios e ligar toda esta parafernália à electricidade e a um gravador onde se colocavam as cassetes (porque os jogos vinham em cassetes) e que tinha de estar muito bem afinado. Caso contrário os jogos ? que demoravam uma média de 10 minutos a ?entrar? ? poderiam, no final de uma barulheira de graves e agudos, não estar jogáveis.
Os lares lusos começaram a ser invadidos por este novo electrodoméstico, que se juntava ao cubo mágico e ao Monopólio nos quartos de crianças e adolescentes. Os pais, parte integrante deste triângulo amoroso, por vezes também arriscavam matar ogres e dragões e carregavam de forma algo desajeitada nas míticas teclas de borracha cinzenta: Q, para cima; A, para baixo; O, para a esquerda; P, para a direita; M, para disparar ou saltar.

Vida para além da morte
Embora tenham sido lançados mais dois modelos, entre 1982 e 1986, a compra da Sinclair Research pela Amstrad e a crescente concorrência das marcas japonesas traçaram o declínio do simpático computador. Em 1992, e com chegada de várias consolas de jogos a inundarem o mercado, o Spectrum deixou oficialmente de ser fabricado. Foi o fim de uma era.
Para quem quiser recordar os jogos arcaicos mas apaixonantes do 48KB, é só procurar escassos minutos na Internet e todo o universo que prendeu milhões de jovens europeus a um ecrã está novamente vivo e de boa saúde. O sítio World of Spectrum (WOS) é uma dessas máquinas do tempo.
Martijin van der Heide, o responsável pelo WOS, não esconde o agrado em regressar, ainda que fugazmente, aos seus verdes anos.?O entusiasmo continua vivo. É em parte nostalgia, mas também porque naquela altura nós éramos demasiado novos para comandarmos a máquina e levarmos a tecnologia para um patamar mais evoluído. Hoje já o conseguimos fazer.?
Se o reinado do ZX Spectrum não ultrapassou a década, essa escassez temporal é compensada pelo imenso carinho de todos os que o conheceram pessoalmente.
É caso para dizer: o rei está morto. Viva o rei.

Fonte: http://expresso.clix.pt/Actualidade/Int ... _id=391550

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