- quinta jan 10, 2008 5:11 pm
#20463
É uma noticia ja do ano passado mas é sempre interessante saber.
No início do ano 2007, cientistas anunciaram a descoberta de um pequeno planeta rochoso localizado longe o suficiente da sua estrela-mãe para permitir a existência de água líquida à sua superfície, e sendo assim suportar vida.
No entanto, parece agora que os cientistas escolheram a estrela acertada para "instalar" este mundo habitável, mas se "enganaram" no planeta. Conhecido como Gliese 581c, é provavelmente demasiado quente para suportar água líquida ou vida, sugerem os novos modelos computacionais, mas as condições do seu planeta vizinho, Gliese 581d, poderão ser as ideais.
Gliese 581c, descoberto em Abril por uma equipa liderada por Stephane Udry do Observatório de Geneva na Suíça, é aproximadamente 50% maior que a Terra e cerca de cinco vezes mais massivo. Está localizado a mais ou menos 20.5 anos-luz de distância, e orbita uma ténue anã vermelha chamada Gliese 581.
Dos mais de 200 planetas extrasolares já descobertos desde 1995, Gliese 581c foi o primeiro descoberto a residir dentro da zona habitável da sua estrela-mãe, se bem que nos limites. Esta é a região em torno de uma estrela onde a temperatura nem é muito quente nem muito fria, permitindo a existência de água, à superfície do planeta, no estado líquido. A água é um ingrediente essencial para a vida tal como a conhecemos.
Mas novas simulações do clima em Gliese 581c, criadas por Werner von Bloh do Instituto para Pesquisa do Impacto Climático, na Alemanha, e sua equipa, sugerem que o planeta não é nenhum paraíso terrestre, mas ao invés um distante "Vénus", onde o dióxido de carbono e o metano na atmosfera criam um efeito de estufa que aquece o planeta bem acima dos 212 graus Fahrenheit (100 Celsius), evaporando a água líquida e com ela a promessa de vida.
Mas o mesmo efeito de estufa que arrasa as hipóteses de vida em Gliese 581c levanta algumas esperanças para outro planeta no mesmo sistema, um mundo com cerca de oito massas terrestres de nome Gliese 581d, também descoberto pela equipa de Udry.
"Este planeta está na realidade fora da zona habitável," disse Manfred Cuntz, um astrónomo da Universidade do Texas em Arlington e um membro da equipa de von Bloh. "Parece à primeira vista muito frio. No entanto, com base no efeito de estufa, determinados processos físicos ocorrem e aquecem o planeta a uma temperatura que permite a existência de água líquida."
E onde esta água líquida fluir, há uma chance de poder haver vida. Os cientistas especulam que "pelo menos algumas primitivas formas de vida" poderão existir em Gliese 581d. Não existem, no entanto, provas para suportar esta especulação.
David Charbonneau, um astrónomo do Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica (cfA), que não esteve envolvido no estudo, disse que os resultados da equipa de von Bloh são "provavelmente teorias sãs mas que não sabemos na realidade se estão correctas."
Gliese 581d demonstra a importância de entrar em conta com as condições atmosféricas de um planeta quando considerando o seu potencial para a habitabilidade. O conceito de uma zona habitável "é algo muito útil porque nos fornece grande informação, e também explica muito no nosso próprio Sistema Solar. Mas não é a história toda," disse Charbonneau.
Jaymie Matthews, um astrónomo da Universidade de British Columbia no Canadá, não trata os novos achados como conclusivos, mas acha-os "interessantes como uma ilustração de como podemos usar os remotos ambientes exoplanetários como possíveis cobaias para os modelos climáticos."
Os modelos feitos pela equipa de von Bloh poderiam ser testados se os cientistas conseguissem medir as emissões térmicas e a reflectividade, ou "albedo", dos planetas, disse Matthews.
Os cientistas "já fizeram isto para HD 209458b, um Júpiter quente, mas necessitaremos de obrigatoriamente dar este passo para os possíveis planetas tipo-Terra de modo a determinar verdadeiramente a sua habitabilidade," acrescenta.
A própria pesquisa de Matthews, recentemente apresentada na reunião anual da Sociedade Astronómica Canadiana, sugere uma razão para Gliese 581 mostrar grandes esperanças como uma estrela com planetas habitáveis: é que aparenta ser similar ao nosso Sol no que respeita à sua espectacular estabilidade.
Matthews e sua equipa usaram um telescópio espacial Canadiano de nome MOST para monitorizar Gliese 581 durante seis semanas. Durante esse tempo, observaram muito poucas instâncias de poderosas proeminências solares, comuns entre as estrelas anãs vermelhas.
"Se a estrela mostrasse variações significativas no brilho durante as semanas que a estudámos, isso no mínimo complicaria o equilíbrio térmico dos planetas em seu redor," explicou Matthews.
A estabilidade da luz também sugere que Gliese 581 é velha e que existe há já uns quantos milhares de milhões de anos.
"As estrelas jovens, tal como os adolescentes, têm grandes casos de acne (grandes manchas estelares e diversa actividade) e rodam de modo invulgar," disse Matthews. "Estrelas mais velhas como o Sol têm uma aparência relativamente clara e rodam muito serenamente."
A idade avançada de Gliese 581 é uma boa notícia para os cientistas em busca de vida no sistema.
"Nós sabemos que demorou três mil milhões e meio de anos para a vida na Terra alcançar o nível de complexidade que chamamos de humana," disse Matthews, "por isso é encorajador para as hipóteses de vida complexa em qualquer planeta do sistema Gliese 581 se a estrela já existir há assim tanto tempo."
Fonte: Astronomia On-line
No início do ano 2007, cientistas anunciaram a descoberta de um pequeno planeta rochoso localizado longe o suficiente da sua estrela-mãe para permitir a existência de água líquida à sua superfície, e sendo assim suportar vida.
No entanto, parece agora que os cientistas escolheram a estrela acertada para "instalar" este mundo habitável, mas se "enganaram" no planeta. Conhecido como Gliese 581c, é provavelmente demasiado quente para suportar água líquida ou vida, sugerem os novos modelos computacionais, mas as condições do seu planeta vizinho, Gliese 581d, poderão ser as ideais.
Gliese 581c, descoberto em Abril por uma equipa liderada por Stephane Udry do Observatório de Geneva na Suíça, é aproximadamente 50% maior que a Terra e cerca de cinco vezes mais massivo. Está localizado a mais ou menos 20.5 anos-luz de distância, e orbita uma ténue anã vermelha chamada Gliese 581.
Dos mais de 200 planetas extrasolares já descobertos desde 1995, Gliese 581c foi o primeiro descoberto a residir dentro da zona habitável da sua estrela-mãe, se bem que nos limites. Esta é a região em torno de uma estrela onde a temperatura nem é muito quente nem muito fria, permitindo a existência de água, à superfície do planeta, no estado líquido. A água é um ingrediente essencial para a vida tal como a conhecemos.
Mas novas simulações do clima em Gliese 581c, criadas por Werner von Bloh do Instituto para Pesquisa do Impacto Climático, na Alemanha, e sua equipa, sugerem que o planeta não é nenhum paraíso terrestre, mas ao invés um distante "Vénus", onde o dióxido de carbono e o metano na atmosfera criam um efeito de estufa que aquece o planeta bem acima dos 212 graus Fahrenheit (100 Celsius), evaporando a água líquida e com ela a promessa de vida.
Mas o mesmo efeito de estufa que arrasa as hipóteses de vida em Gliese 581c levanta algumas esperanças para outro planeta no mesmo sistema, um mundo com cerca de oito massas terrestres de nome Gliese 581d, também descoberto pela equipa de Udry.
"Este planeta está na realidade fora da zona habitável," disse Manfred Cuntz, um astrónomo da Universidade do Texas em Arlington e um membro da equipa de von Bloh. "Parece à primeira vista muito frio. No entanto, com base no efeito de estufa, determinados processos físicos ocorrem e aquecem o planeta a uma temperatura que permite a existência de água líquida."
E onde esta água líquida fluir, há uma chance de poder haver vida. Os cientistas especulam que "pelo menos algumas primitivas formas de vida" poderão existir em Gliese 581d. Não existem, no entanto, provas para suportar esta especulação.
David Charbonneau, um astrónomo do Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica (cfA), que não esteve envolvido no estudo, disse que os resultados da equipa de von Bloh são "provavelmente teorias sãs mas que não sabemos na realidade se estão correctas."
Gliese 581d demonstra a importância de entrar em conta com as condições atmosféricas de um planeta quando considerando o seu potencial para a habitabilidade. O conceito de uma zona habitável "é algo muito útil porque nos fornece grande informação, e também explica muito no nosso próprio Sistema Solar. Mas não é a história toda," disse Charbonneau.
Jaymie Matthews, um astrónomo da Universidade de British Columbia no Canadá, não trata os novos achados como conclusivos, mas acha-os "interessantes como uma ilustração de como podemos usar os remotos ambientes exoplanetários como possíveis cobaias para os modelos climáticos."
Os modelos feitos pela equipa de von Bloh poderiam ser testados se os cientistas conseguissem medir as emissões térmicas e a reflectividade, ou "albedo", dos planetas, disse Matthews.
Os cientistas "já fizeram isto para HD 209458b, um Júpiter quente, mas necessitaremos de obrigatoriamente dar este passo para os possíveis planetas tipo-Terra de modo a determinar verdadeiramente a sua habitabilidade," acrescenta.
A própria pesquisa de Matthews, recentemente apresentada na reunião anual da Sociedade Astronómica Canadiana, sugere uma razão para Gliese 581 mostrar grandes esperanças como uma estrela com planetas habitáveis: é que aparenta ser similar ao nosso Sol no que respeita à sua espectacular estabilidade.
Matthews e sua equipa usaram um telescópio espacial Canadiano de nome MOST para monitorizar Gliese 581 durante seis semanas. Durante esse tempo, observaram muito poucas instâncias de poderosas proeminências solares, comuns entre as estrelas anãs vermelhas.
"Se a estrela mostrasse variações significativas no brilho durante as semanas que a estudámos, isso no mínimo complicaria o equilíbrio térmico dos planetas em seu redor," explicou Matthews.
A estabilidade da luz também sugere que Gliese 581 é velha e que existe há já uns quantos milhares de milhões de anos.
"As estrelas jovens, tal como os adolescentes, têm grandes casos de acne (grandes manchas estelares e diversa actividade) e rodam de modo invulgar," disse Matthews. "Estrelas mais velhas como o Sol têm uma aparência relativamente clara e rodam muito serenamente."
A idade avançada de Gliese 581 é uma boa notícia para os cientistas em busca de vida no sistema.
"Nós sabemos que demorou três mil milhões e meio de anos para a vida na Terra alcançar o nível de complexidade que chamamos de humana," disse Matthews, "por isso é encorajador para as hipóteses de vida complexa em qualquer planeta do sistema Gliese 581 se a estrela já existir há assim tanto tempo."
Fonte: Astronomia On-line