- sábado fev 16, 2008 6:26 pm
#24569
Químicos orgânicos à superfície de Titã ultrapassam reservas de petróleo da Terra
De acordo com novos dados da sonda Cassini, a lua laranja de Saturno, Titã, tem centenas de vezes mais hidrocarbonetos líquidos que todas as reservas de petróleo e gás natural conhecidas na Terra. Os hidrocarbonetos chovem do céu, sendo recolhidos em vastos depósitos que formam lagos e dunas.
As novas descobertas do estudo liderado por Ralph Lorenz, membro da equipa de radar da Cassini, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, EUA, são descritas na edição de 29 de Janeiro de 2008 da Geophysical Research Letters.
"Titã está coberto por material composto por carbono - é uma fábrica gigante de químicos orgânicos," disse Lorenz. "Este vasto inventário de carbono é uma janela importante para a geologia e história climática de Titã."
A uns frios -179º C, Titã não é nada semelhante à Terra. Em vez de água, hidrocarbonetos líquidos sob a forma de metano e etano estão presentes na superfície da lua, e "tholins" provavelmente constituem as suas dunas. O termo "tholins" foi inventado por Carl Sagan em 1979 para descrever moléculas orgânicas complexas no coração da química prebiótica.
A sonda Cassini mapeou já cerca de 20% da superfície de Titã com radar. Já foram observados algumas centenas de lagos e mares, nos quais se estimam que várias dúzias contenham mais hidrocarbonetos líquidos que as reservas de óleo e gás natural da Terra. As dunas escuras que percorrem o equador contêm um volume orgânico várias centenas de vezes superior que as reservas de carvão da Terra.
As reservas conhecidas de gás natural na Terra totalizam as 130 mil milhões de toneladas, suficientes para providenciar 300 vezes a quantidade anual necessária de energia que os EUA utilizam para o aquecimento, arrefecimento e luz residenciais. Dúzias de lagos individuais em Titã têm o equivalente de pelo menos esta energia sobre a forma de metano e etano.
"Esta estimativa global tem maioritariamente por base os lagos observados nas regiões polares norte. Assumimos que o pólo sul de Titã seja similar, mas na realidade ainda não sabemos a quantidade exacta de líquido," disse Lorenz. O radar da Cassini observou a região polar sul apenas uma vez, e viu apenas dois pequenos lagos. Estão planeadas observações futuras dessa área durante a proposta missão extendida da Cassini.
Os cientistas estimaram a profundidade dos lagos de Titã usando algumas suposições gerais com base nos lagos da Terra. Utilizaram a área e profundidade médias dos lagos na Terra, tendo em conta as áreas vizinhas, como montanhas. Na Terra, a profundidade dos lagos é normalmente dez vezes menor que a altura do terreno em volta.
"Também sabemos que alguns lagos têm mais ou menos 10m de profundidade porque aparecem literalmente negros no radar. Se fossem mais superficiais, veríamos o chão do lago, mas não vemos," diz Lorenz.
A questão de quanto deste líquido se encontra à superfície é importante porque o metano é um forte gás no efeito de estufa em Titã, bem como na Terra, só que existe muito mais na lua de Saturno. Se todo o líquido observado em Titã é metano, duraria apenas uns quantos milhões de anos, porque à medida que o metano se transporta para a atmosfera de Titã, é quebrado e escapa-se para o espaço. Se o metano acabasse, Titã tornar-se-ia bem mais frio. Os cientistas acreditam que o metano possa ser fornecido à atmosfera através de ventilação do interior em erupções criovulcânicas. Se tal for o caso, a quantidade de metano, e a temperatura em Titã, pode ter flutuado dramaticamente no passado.
"Nós somos formas de vida com base no carbono, e conhecer o estado da complexidade dessa cadeia num ambiente como Titã na direcção da vida, é importante para a compreensão das origens da vida pela Universo," acrescentou Lorenz.
O próximo voo rasante da Cassini por Titã será no dia 22 de Fevereiro de 2008, quando o instrumento de radar observar o local de aterragem da sonda Huygens da ESA.
Impressão de artista de piscinas de hidrocarbonetos, terreno rochoso e gelado na superfície da maior lua de Saturno, Titã.
Crédito: Steven Hobbs
Lagos e mares em Titã.
Crédito: NASA/JPL
Fonte Astronomia Online
De acordo com novos dados da sonda Cassini, a lua laranja de Saturno, Titã, tem centenas de vezes mais hidrocarbonetos líquidos que todas as reservas de petróleo e gás natural conhecidas na Terra. Os hidrocarbonetos chovem do céu, sendo recolhidos em vastos depósitos que formam lagos e dunas.
As novas descobertas do estudo liderado por Ralph Lorenz, membro da equipa de radar da Cassini, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, EUA, são descritas na edição de 29 de Janeiro de 2008 da Geophysical Research Letters.
"Titã está coberto por material composto por carbono - é uma fábrica gigante de químicos orgânicos," disse Lorenz. "Este vasto inventário de carbono é uma janela importante para a geologia e história climática de Titã."
A uns frios -179º C, Titã não é nada semelhante à Terra. Em vez de água, hidrocarbonetos líquidos sob a forma de metano e etano estão presentes na superfície da lua, e "tholins" provavelmente constituem as suas dunas. O termo "tholins" foi inventado por Carl Sagan em 1979 para descrever moléculas orgânicas complexas no coração da química prebiótica.
A sonda Cassini mapeou já cerca de 20% da superfície de Titã com radar. Já foram observados algumas centenas de lagos e mares, nos quais se estimam que várias dúzias contenham mais hidrocarbonetos líquidos que as reservas de óleo e gás natural da Terra. As dunas escuras que percorrem o equador contêm um volume orgânico várias centenas de vezes superior que as reservas de carvão da Terra.
As reservas conhecidas de gás natural na Terra totalizam as 130 mil milhões de toneladas, suficientes para providenciar 300 vezes a quantidade anual necessária de energia que os EUA utilizam para o aquecimento, arrefecimento e luz residenciais. Dúzias de lagos individuais em Titã têm o equivalente de pelo menos esta energia sobre a forma de metano e etano.
"Esta estimativa global tem maioritariamente por base os lagos observados nas regiões polares norte. Assumimos que o pólo sul de Titã seja similar, mas na realidade ainda não sabemos a quantidade exacta de líquido," disse Lorenz. O radar da Cassini observou a região polar sul apenas uma vez, e viu apenas dois pequenos lagos. Estão planeadas observações futuras dessa área durante a proposta missão extendida da Cassini.
Os cientistas estimaram a profundidade dos lagos de Titã usando algumas suposições gerais com base nos lagos da Terra. Utilizaram a área e profundidade médias dos lagos na Terra, tendo em conta as áreas vizinhas, como montanhas. Na Terra, a profundidade dos lagos é normalmente dez vezes menor que a altura do terreno em volta.
"Também sabemos que alguns lagos têm mais ou menos 10m de profundidade porque aparecem literalmente negros no radar. Se fossem mais superficiais, veríamos o chão do lago, mas não vemos," diz Lorenz.
A questão de quanto deste líquido se encontra à superfície é importante porque o metano é um forte gás no efeito de estufa em Titã, bem como na Terra, só que existe muito mais na lua de Saturno. Se todo o líquido observado em Titã é metano, duraria apenas uns quantos milhões de anos, porque à medida que o metano se transporta para a atmosfera de Titã, é quebrado e escapa-se para o espaço. Se o metano acabasse, Titã tornar-se-ia bem mais frio. Os cientistas acreditam que o metano possa ser fornecido à atmosfera através de ventilação do interior em erupções criovulcânicas. Se tal for o caso, a quantidade de metano, e a temperatura em Titã, pode ter flutuado dramaticamente no passado.
"Nós somos formas de vida com base no carbono, e conhecer o estado da complexidade dessa cadeia num ambiente como Titã na direcção da vida, é importante para a compreensão das origens da vida pela Universo," acrescentou Lorenz.
O próximo voo rasante da Cassini por Titã será no dia 22 de Fevereiro de 2008, quando o instrumento de radar observar o local de aterragem da sonda Huygens da ESA.
Impressão de artista de piscinas de hidrocarbonetos, terreno rochoso e gelado na superfície da maior lua de Saturno, Titã.
Crédito: Steven Hobbs
Lagos e mares em Titã.
Crédito: NASA/JPL
Fonte Astronomia Online